O CANTO DO OURIÇO

quarta-feira, junho 07, 2006

CARTA À SR. MINISTRA

Carta Aberta à Sr.ª Ministra da Educação

Esta carta, que será divulgada também na comunicação social, tem como > objectivo contribuir para a reflexão acerca da Qualidade da Educação do nosso país. Neste sentido, e ao invés de contestar ponto por ponto a sua proposta de alteração ao Estatuto da Carreira Docente, os docentes deste país ficam-se >pelas suas consequências, o tal efeito prático que a Sr.ª Ministra prefere dissimular num jogo falacioso e perigoso, atirando-nos, pais e > professores, uns contra os outros.>> Embora tenha surgido como o maior engodo - o de chamar os pais à escola - >da história da Educação deste país, na verdade, a avaliação dos Docentes >pelos Pais e Encarregados de Educação, representa apenas uma ponta da >ponta de um iceberg, uma linha de texto num documento de 54 páginas. > Interessa apenas a quem se limita a promover manobras de diversão > facilmente identificáveis, parecendo ignorar que nenhum professor sério > irá temer se for avaliado de forma séria. É vergonhoso, até para nós que > somos portugueses, verificar o calculismo e a facilidade com que a Sr.ª > Ministra aborda a questão complexa, como é a de avaliar os desempenhos dos > professores, sem o mínimo de profundidade, preferindo, sem olhar a meios, > o populismo fácil e barroco.>> Recorrendo a meras hipóteses, se o novo estatuto fosse, numa eventualidade > pouco inteligente, aprovado, o docente teria um número fechado de vagas > para Muito Bons e Excelentes. Assim, perguntamos nós: e se, num acaso, os > professores de uma escola excederem o número premeditado de Excelentes? > Escolher-se-iam os melhores dos melhores e passar-se-iam os outros para > Muito Bom e os que tinham a dita nota para o Bom? Ou, numa outra > eventualidade, rasurar-se-iam as notas, de forma a não se levantarem > polémicas no seio de uma escola que se quer unida e sempre controlada?>> Talvez se vislumbre uma resposta se se conhecerem melhor os dezasseis > pontos em que o hipotético docente será avaliado, previsto no artigo 46º > do hipotético novo estatuto:>> . o professor será avaliado pelos resultados escolares dos alunos. > Explicar-nos-á a Sr.ª Ministra como pode um professor de uma má escola, e > em muitas "má" será sempre um doce eufemismo, ter o mesmo nível de > qualidade na sua avaliação de um colega seu numa boa escola? Será então > que os professores têm as mesmas medidas e oportunidades de uma boa > avaliação? Ou, por outro lado, bastará que se avalie positivamente os > alunos, independentemente da realidade?>> . o professor será avaliado pelas taxas de abandono escolar? Certamente > que no Ministério ainda andam à procura de uma resposta coerente a esta > pergunta. Imaginemos que existe uma comunidade de etnia cigana numa escola > ou que em determinada localidade, e não são assim tão poucas, os pais > querem retirar os filhos da escola para que trabalhem com eles. Como pode > o professor ser penalizado por uma situação como esta onde a > responsabilidade não lhe cabe? Não se deveriam criar medidas coerentes > para um mundo real? Neste caso como seria, então? Seriam penalizados todos > os docentes daquela escola ou apenas daquela turma? Não será esta uma > medida oportunista, em que se acusam os professores da incompetência, de > um governo que não cria segundas verdadeiras opções para os jovens que > abandonam o ensino ou que simplesmente querem mais? Não será esta medida > economicista, visto que, deste modo, os professores ficam limitados na sua > avaliação, o que prejudica seriamente a sua progressão e,> naturalmente, os impede de subir de escalão e vir a auferir um melhor > salário?>> . apreciação do trabalho colaborativo do docente? O que significa > exactamente trabalho colaborativo? E para colaborar com o quê? Ou com > quem? Terá a Sr.ª Ministra intenção de instigar ao mau ambiente na sala de > professores ou a de tornar menos transparentes algumas avaliações? Haverá > aqui uma vontade de tornar ambíguo o que se quer simples e preciso? > Talvez, na sua visão, "dividir para reinar" faça um sentido que não cabe > nesta profissão!>> . apreciação realizada pelos pais e encarregados de educação. Consegue a > Sr.ª Ministra avaliar com a exacta certeza uma pessoa que nunca viu e cuja > imagem foi construída apenas por uma criança ou pelos comentários de > outras? Serão todos os pais capazes de avaliar os professores através de > quase nada? É essa a avaliação que pede aos professores, quando se trata > de avaliar os seus alunos? Avaliar com pouco? Mas sempre num nível > positivo, de forma a não transtornar os pais? A Sr.ª Ministra quer que nós > acreditemos que uma avaliação realizada desta forma irá ser objectiva e > transparente? Muito embora cada um dos pontos tenha um peso, que ainda não > se conhece, tal questão parece-nos irremediavelmente condenada ao > fracasso, pelo menos se observada de um ponto de vista sério e rigoroso.>> . avaliação através da observação de aulas? Quais são os critérios > adoptados pela Sr.ª Ministra? Imaginemos que decorre a avaliação de dois > docentes distintos em dois locais diversos. Cada um dos quais está a ser > medido por um hipotético professor titular. Imaginemos que são duas > escolas em meios diferentes. Encontra-se a Sr.ª Ministra capaz de nos > assegurar que ambas as avaliações serão correctas ou que, sendo invertidos > os lugares, os docentes manteriam a mesma qualificação ou quase? Nestas > contas entram factores demasiado subjectivos. Numa mesma escola, o mesmo > professor pode obter dois níveis diferentes, se for avaliado, por exemplo, > por titulares de distintas sensibilidades. Suponhamos, por outro lado, que > a aula corre mal, porque o professor está engripado ou porque os alunos > vieram de uma visita de estudo. Será sério avaliar todo um ano escolar com > três visitas à sala? Será sério fazer depender a progressão na carreira > desta forma?>> Os docentes passariam a ser avaliados em dezasseis pontos ou itens de > classificação como lhe chama a Sr.ª Ministra. Destes, quinze são > perfeitamente subjectivos, e um deles, o que respeita à assiduidade, o > único preciso porque se trata de um número, a Sr.ª Ministra trata-o com a > ligeireza que parece ser o seu maior dom.>> A Sr.ª Ministra não se nega a coarctar aos docentes qualquer esperança, > ainda que infeliz, de poderem assegurar o seu desempenho se caírem doentes > numa cama. O professor passa, assim, a ser obrigado a cumprir 97% do seu > serviço lectivo, se quiser progredir na carreira. À priori, esta medida > parece ser finalmente a resposta aos pedidos dos pais e encarregados de > educação dos nossos alunos. Será assim tão óbvia e tão simples esta > leitura? Três por cento de faltas como máximo, representa cinco dias de > faltas por ano? Explique-nos, por favor, a Sr.ª Ministra como justifica o > facto de não poder estar doente. Fazemos notar que não falamos apenas de > nós próprios, aqui também cabe a assistência à família. Repare a Sr.ª > Ministra que os professores lidam com crianças, cerca de vinte e cinco por > cada uma das cinco turma (em média, claro está), e que estas mesmas > crianças adoecem e se constipam e nos constipam. E nós sabemos que às > vezes mais vale ficar um dia em casa e recuperar a saúde> , do que prestar um mau serviço público. Os docentes têm um grande > respeito pela sua profissão. Nenhum professor sério falta para ficar a > dormir. Teremos que "contagiar" toda uma escola necessariamente, em nome > da graduação profissional, uma vez que só serão devidamente justificadas > as doenças em regime ambulatório.>> Por outro lado, repare Sr.ª Ministra, pois talvez ainda não o tenha feito, > que a grande maioria dos docentes está deslocada da sua casa, longe dos > seus familiares. Esta enorme massa humana que se desloca pelo país, em > milhares de quilómetros mensais, aos princípios e fins-de-semana, em > veículo próprio, e que entrega dinheiro ao estado nos impostos de > combustíveis, está muito sujeita a ter contratempos na estrada ou com a > mecânica do seu automóvel, e que, a partir de agora, estes mesmos cidadãos > manterão esta distância durante três e depois quatro anos!>> No que diz respeito às mães ou futuras mães, não compreendemos como pode a > Sr.ª Ministra querer avançar com um estatuto que as espartilhará - a > maternidade é um direito protegido pela Constituição da República > Portuguesa. É-nos dito que, no decorrer desse ano, a docente não será > avaliada, pelo que a mãe terá nesse ano a mesma classificação que lhe for > atribuída no seguinte, ou seja, bastar-lhe-á faltar seis dias para que não > progrida na carreira dois anos. Saberá a Sr.ª Ministra o complexo que é > cuidar de uma criança durante os primeiros meses e anos de vida? Numa > primeira fase, a do período do parto, o novo estatuto salvaguarda as mães > para depois as deixar desamparadas numa segunda fase, como se a > maternidade se esgotasse no acto de "dar à luz".>> Contempla alguns destes dados na sua proposta, Sr.ª Ministra, ou prefere > tratá-los com a distância da sua demagogia? Como quer a Sr.ª Ministra > estabilidade docente, aquela que tanto aclama, convencendo apenas quem > ignora a realidade do que é ser educador, se qualquer uma das acções que > toma vai no sentido de criar instabilidade e insatisfação? Como quer a > Sr.ª Ministra docentes produtivos e colaborativos se instiga ao fascismo > redutor, como se lidasse com gente disposta a rebaixar-se aos seus pés sem > que lhe fosse levantado um par de olhos? Como quer a Sr.ª Ministra um alto > nível de rendimento escolar e uma enorme qualidade para a Educação quando > atira medidas laças para cima de uma mesa, onde se discute o futuro?>> Este é um assunto sério, Sr.ª Ministra, nenhum professor está aqui para > brincar! À Sr.ª Ministra interessa ter os pais do seu lado, > independentemente dos meios, o que lhe interessa são os fins > economicistas, cada vez mais sublinhados por cada medida que assina.>> Pretende convencer os professores deste país que um tecto ao fim de doze > anos de carreira é um objectivo para quem tem que ser avaliado e > classificado todos os anos? As demagogias criadas para iludir a opinião > pública são os instrumentos de trabalho utilizados pelo estado, mas do > tempo da outra senhora, quando a Sr.ª Ministra ainda tinha a esperança de > viver numa democracia - se é que teve.>> Parece-nos que todas estas medidas foram lançadas ao ar para justificar o > trabalho de alguns caciques que há muito não leccionam e que pululam de > gabinete em gabinete na esperança, certamente vã, de lhe apresentar algum > trabalho, uma vez que, somente quando já não tiver professores no seu > ministério, vossa Senhoria ficará plenamente satisfeita.>>> Junho de 2006>>

Um grupo de Professores desrespeitados

segunda-feira, junho 05, 2006

DÓI-ME OS OUVIDOS

Já chega! Estou cansado de ouvir nestes últimos tempos (cerca de 7 anos), que a culpa do insucesso é dos professores, que a culpa do défice é dos professores, que a escola está a cair é culpa dos professores, se o menino caiu a culpa é dos professores, se a escola não tem dinheiro a culpa é dos professores, se os deputados faltam as sessões, a culpa é dos professores, etc., etc.
Dizem que não nos empenhamos em acompanhar e tentar melhorar as carreiras escolares dos nossos alunos, que nada fazemos para que as médias de negativas às disciplinas de Matemática ou Português, baixem, e qual é a solução encontrada? Encavar ainda mais os professores, mexendo no Estatudo da Carreira Docente, mas para pior, colocando uma estúpida avaliação e uma progressão que só poucos atingirão o topo da carreira. Pois eu concordo, que uma pessoa que se levante todos os dias para fazer 200Km, que à partida sabe que a sua conta bancária nunca vai sair do vermelho, que a obrigam a ficar mais duas horas por semana longe da família e que no fim nem tem tempo para preparar uma aula decente e quando o dia acaba só houve dizer que a culpa do país estar mal é sua, só pode ficar com mais vontade de ajudar os seus alunos. À que dizer que quem colocou este governo no poleiro, fomos todos nós.
Aí como adoro a Senhora Ministra da Educação.

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